A luta do povo Telugu por terra e sonhos
Este dossiê cataloga a imensa produção cultural da luta armada de Telangana (Índia) e como ela inspirou o povo a participar de ciclos de protesto contra o colonialismo, a monarquia e o latifúndio, partindo da ideia de que arte e cultura são ambas produzidas pela luta de classes e, por sua vez, também produzem a luta de classes. Em uma sociedade que foi impedida de ser totalmente alfabetizada, a narrativa e as canções desempenharam um papel fundamental na construção de confiança e organização.
Em 1934, o poeta telugu Srirangam Srinivas Rao (1910-1983), popularmente conhecido como Sri Sri, escreveu um poema intitulado Maha Prasthanam (Marcha para frente). O poema era diferente de tudo o que se tinha ouvido anteriormente na língua telugu, que é atualmente falada por quase 100 milhões de pessoas no centro-sul da Índia e na diáspora. O poema de Sri Sri seria cantado como uma marcha militar, exceto que as palavras não eram para os militares, mas para os revolucionários que queriam derrubar o Estado colonial britânico e estabelecer uma Índia socialista. As palavras são simples, quase clichés na sua simplicidade, mas são autênticas:
Os sinos estão dobrando.
A voz de outro mundo está chamando.
Outro, outro, outro mundo
Está rolando, dobrando, chamando.
Marcha para frente.
Oh, para frente, forja.
Adiante, adiante, vamos sempre adiante (Ramakrishna, 2012).
మరో ప్రపంచం,
మరో ప్రపంచం పిలిచింది!
పదండి ముందుకు,
పదండి త్రోసుకు!
పోదాం, పోదాం పైపైకి!
కదం త్రొక్కుతూ,
పదం పాడుతూ,
హ్రుదంతరాళం గర్జిస్తూ-
పదండి పోదాం,
వినబడలేదా
మరో ప్రపంచపు జలపాతం?
A música tinha a intenção de dar às pessoas confiança em suas habilidades, bem como a inspiração necessária para enfrentar um inimigo aparentemente intratável. Tudo é possível se você acredita em si mesmo, Sri Sri parecia estar dizendo. Mas qual seria o sentido dos sacrifícios se o resultado final fosse o fracasso? O futuro convocava as pessoas para lhes dizer que suas lutas não seriam em vão. Essa certeza de sucesso, enfim, que exigia sacrifícios e lutas, era inspiração suficiente. Adiante.
O dossiê n. 80 A luta do povo Telugu por terra e sonhos, baseia-se na ideia de que arte e cultura são ambas produzidas pela luta de classes e, por sua vez, também a produzem. Neste dossiê, catalogamos a imensa produção cultural das grandes lutas que dominaram esta região da Índia e a maneira como essa produção cultural inspirou o povo a participar de ciclos de protesto. Este não é um estudo abrangente da literatura radical Telugu, nem é uma história completa do movimento comunista na região de língua Telugu da Índia. Compartilhamos este texto na esperança de que ele estimule mais estudos sobre a relação entre arte e política, bem como o mundo cultural da luta de classes do povo Telugu.
Nós nos concentramos em canções porque, em uma sociedade que foi impedida de ser totalmente alfabetizada, estas, junto às narrativas, eram a principal forma de cultura democrática antes do advento do cinema. O herói comunista da luta armada de Telangana, Mallu Swarajyam (1931–2022), reflete sobre como as mulheres e a casta oprimida dos dalits enchiam o ar da vila à noite com canções dos oprimidos enquanto trabalhavam descascando o arroz. As canções eram sobre Deus e suas vidas. “Sob o luar”, lembra Swarajyam, o canto era tão bonito que até “as pessoas que estavam dormindo gostavam dessas canções” (Swarajyam, 2019, p. 23, tradução nossa).
Essas canções foram derivadas de tradições de arte popular prevalentes na sociedade Telugu, como várias formas de contação de histórias que usam canções e teatro para reencenar performances de Harikatha (a mitologia hindu do Senhor Vishnu), Pakir patalu (um acervo de canções sufis), Bhagavatam (histórias do épico sânscrito Mahabharata) e práticas não religiosas como Burrakatha e Gollasuddulu, ambas as quais contam histórias de trabalhadores e camponeses com dois tambores acompanhando o cantor. Essas formas musicais foram utilizadas pelos trabalhadores e camponeses contestarem a visão de mundo das castas dominantes. E foi nessa parte do imaginário popular que a esquerda interveio muito cedo na luta pela transformação social. Quando Mallu Swarajyam foi a pelo menos trinta aldeias para começar a revolta, ela disse: “Eu comecei um fogo revolucionário nas pessoas com a canção como nosso veículo. O que mais eu precisava?” (Swarajyam, 2019, p. 23, tradução nossa).
Não queremos o domínio deste senhor branco
O domínio colonial suprimiu o desenvolvimento social na maior parte do subcontinente indiano. As estatísticas são chocantes: a média de expectativa de vida entre 1881 e 1921 era de cerca de 25 anos e as taxas de mortalidade infantil ultrapassavam os 20% (Navaneetham & Krishnakumar, 2020, p. 266-294). Os movimentos de reforma social vindos de baixo não tiveram impacto na maioria das regiões da Índia, onde as antigas restrições baseadas em castas em setores como a educação das meninas e das mulheres, o casamento infantil e a prevenção de novos casamentos das viúvas suprimiam as possibilidades da vida social.
Não foi esse o caso, em partes, do sul da Índia, incluindo a região de Andhra-Telangana, onde a reforma social criou raízes no final do século XIX.1 Escritores como Kandukuri Veeresalingam (1848–1919), Gurajada Apparao (1862–1915) e Garimella Satyanarayana (1893–1952) fizeram campanha pela educação de meninas, pelo direito das viúvas de se casarem novamente e contra o sistema Nauch ou Devadasi, no qual meninas de famílias de castas oprimidas eram oferecidas aos deuses (o que significa que eram enviadas aos templos, onde passavam a viver como propriedade da religião) e então exploradas sexualmente por homens de casta dominante (Deane, 2022, p. 8). Para superar a baixa taxa de alfabetização, os reformadores sociais da região usaram canções e peças para levar sua mensagem ao povo (Prabhakar, 2009). Gurajada Apparao, por exemplo, escreveu canções na tradição popular janapada, que eram fáceis de memorizar e cantar, pois usavam a linguagem do povo. Swarajyya Geethalu [Canções de Autogoverno] de Garimella Satyanarayana eram tão poderosas que os britânicos as baniram em 1921 e mantiveram o poeta preso por um total de três anos e meio sob as leis de sedição. A canção imensamente popular de Satyanarayana (2005, p. 54-56, tradução nossa) Makoddi Tella Dora Tanamu [Nós não queremos o domínio deste senhor branco), que também foi banida pelo governo, se inicia com o verso:
As nossas vidas estão em jogo.
A nossa honra foi tomada.(…)
Não podemos comer um prato de arroz.
Tornou-se um crime tocar no sal.
Ele vai colocar lama em nossa boca e vai [nos enterrar].
Vamos lutar com cães por comida [nos cestos do lixo].
Mas nós não queremos o domínio do senhor branco, Deus!
తెల్లదొరతనము – దేవా
మా ప్రాణాలపై
పొంచి
మానాలు హరియించె
…
పట్టెడన్నమె
లోపమండి
ఉప్పు ! ముట్టుకుంటే
దోషమండి!
నోట – మట్టికొట్టి
పోతాడండి!
అయ్యొ! కుక్కలతో
పోరాడి – కూడు తింటామండీ
మా కొద్దీ
తెల్లదొరతనము – దేవా
Em vez de governar o subcontinente diretamente, os britânicos cultivaram monarcas e senhores feudais para governar em seu nome, fornecer receita ao Estado colonial e manter a ordem por meio das práticas administrativas desses senhores. O Nizam (governante hereditário) de Hyderabad, que era um dos homens mais ricos do mundo, dominava três regiões linguísticas: Telangana (língua telugu), Marathwada (língua marata) e Hyderabad-Karnataka (língua canará). O Nizam desconsiderou as culturas dos povos sobre as quais governava, forçando-as a utilizar a língua urdu para interações oficiais, embora o idioma fosse falado por apenas 12% da população (Sundarayya, 1972, p. 3). A língua era apenas um dos muitos vetores de opressão e exploração. Em nome do Império Britânico, o Nizam governava um sistema feudal enraizado na hierarquia de castas peculiar à região. Os proprietários de terras, que pertenciam exclusivamente às castas dominantes, extraíam riqueza e mantinham o poder explorando e subjugando diversas castas oprimidas (inclusive por meio de trabalho forçado).
A cada colher de chá de exploração e opressão há uma colher de sopa de luta. O povo da região se organizou de diversos meios, muitos dos quais não estão registrados nos livros de história. Em 1921, pessoas como Madapati Hanumantha Rao (1885–1970) e Raja Bahadur Venkat Ram Reddy (1869–1953), ambos de famílias de classe média e empregados pela administração de Nizam, criaram o Andhra Jana Sangham (Assembleia do Povo de Andhra, ou AJS). Frustrados pela discriminação contra sua língua, eles estabeleceram bibliotecas, salas de leitura e escolas em telugu (incluindo uma das primeiras instituições para meninas em Hyderabad em 1928). O professor Adapa Satyanarayana, que estuda a história cultural de Telangana, escreve que, por meio do AJS, o movimento das bibliotecas “emergiu como um dos movimentos socioculturais mais significativos e contribuiu para o despertar público” na primeira parte do século XX (Satyanarayana & Satyanarayana, 2022; Satyanarayana, 2016).
Em 1928, o Andhra Jana Sangham foi renomeado para Andhra Mahasabha (a Grande Assembleia de Andhra, ou AMS) sob a liderança de Madapati Hanumantha Rao. Muitos dos líderes mais jovens, como Baddam Yella Reddy (1906–1979), Ravi Narayan Reddy (1908–1991) e Devulapalli Venkateshwar Rao (1912–1984), juntaram-se ao movimento comunista e impulsionaram essa “organização cultural progressista”, como escreve o historiador Sunil Purushotham (2021, p. 190), para se tornar “uma organização de massas militante”. Como uma organização de massas, o AMS levou sua mensagem ao povo por meio de expressões artísticas já populares, como canções e peças que jogavam luz na estrutura do colonialismo britânico, no governo de Nizam e no domínio dos proprietários sobre o mundo rural. Os líderes da AMS enraizaram as lutas dos camponeses em uma compreensão do mundo em geral, galvanizados pela ameaça do nazismo na Europa e suas implicações para a Índia. Em 1933, o grande poeta radical Sri Sri escreveu Jayabheri (Som da vitória), que capturou o sentimento de raiva que permeava os artistas de sua época:
Ofereci madeira
À fogueira do mundo.
Até eu
Chorei uma lágrima
À chuva do mundo.
Até eu
Gritei
Ao rugido do mundo.
సమిధ నొక్కటి
ఆహుతిచ్చాను!
నేను సైతం
విశ్వవ్రుష్టికి
అశ్రు వొక్కటి ధారపోశాను!
నేను సైతం
భువన ఘోషకు
వెర్రిగొంతుక విచ్చి మ్రోశాను!
A luta contra o colonialismo, a monarquia e o latifúndio teve que ocorrer por meio de lutas no campo e nas ruas, mas essas lutas exigiam que as pessoas desenvolvessem sua confiança e crença de que não só poderiam enfrentar as estruturas de poder, mas poderiam vencer. Essa confiança e crença são produzidas por meio da luta, mas também por meio da imaginação. É por isso que o AMS, como tantos outros movimentos de massa anticoloniais, enfatizou o papel da música e do teatro em alcançar mais e mais pessoas e moldar sua compreensão do mundo. Por meio desse trabalho, o AMS se tornou parte da cultura popular e o assunto de canções que permaneceram inseridas nas lutas na região por décadas, como Padavekku Andhra Maha Sabha Padava [Suba no Barco Andhra Mahasabha], de autor desconhecido:
Ó irmão, suba no barco, meu irmão
O barco Andhra Mahasabha [AMS], irmão
Ravi Narayanreddy rema os remos
Baddam Balreddy controla as velas
O barco navega em direção a seu destino
Ó irmão, suba no barco, meu irmão
Senhores feudais e saqueadores não terão espaço
Opressores do povo
A verdade não será esquecida
O destino é a terra
Onde os proletários governem
Ignorando redemoinhos,
E além das velas dos barcos
Ó irmão, suba no barco, meu irmão
(Autor desconhecido, 1990, p. 37, tradução nossa).
ఎక్కు బాబా – పడవెక్కు బాబా
ఆంధ్ర సభయను
పడవెక్కు బాబా
చుక్కా నీ బట్టే
రావి నారాయణరెడ్డి
ఎతైనలే తెరచాప
బద్దం ఎల్లారెడ్డి
గడలు బట్టిరి
కార్యకర్తలు ప్రాణాలొడ్డి
కదులు తుందీ పడవ
గమ్య స్థానము జేరు
ఎక్కు బాబా – పడవెక్కు బాబా
దొరలు దోపిడీ దార్లకు
దొరకదింత చోటైనా!
ప్రజా పీడితులకిచట
నిజము నిల్వ నీడవరు!
కష్ట జీవుల రాజ్యం
గమ్యముగా చేసుకొని
సుడిగుండముల రాటి
సూటిగా దాటిగ పోను
ఎక్కు బాబా – పడవెక్కు బాబా
A luta armada em Telangana
A entrada de jovens radicais na AMS na década de 1930 transformou não apenas a organização, mas também o mundo político em Telangana de forma mais ampla. Esses jovens comunistas forçaram a AMS a mudar suas regras de filiação para permitir que os pobres e analfabetos entrassem em grande número. Por sua vez, esses novos membros começaram a exigir que a organização fosse além de seu trabalho cultural e adotasse resoluções em 1941 pedindo a abolição do vetti [trabalho forçado baseado em castas] e do sistema jagirdari [senhorio] e pela aplicação dos direitos dos posseiros. Popularmente chamada de Sangham [Associação], a AMS se espalhou pela área rural de Telangana, quebrando barreiras de casta de forma revolucionária (Purushotham, 2021). A AMS também atraiu escritores e artistas que queriam contribuir com seus talentos para a luta pela democratização da sociedade e pelo fim da estrutura colonial-Nizam.
Essa radicalização ocorreu não apenas entre os membros da AMS e sua prática artística, mas em todo o subcontinente indiano entre artistas e escritores. Em 1936, escritores e artistas de esquerda formaram a Associação de Escritores Progressistas de Toda a Índia (PWA, na sigla em inglês), que era liderada por figuras proeminentes como Premchand (1880–1936), Rabindranath Tagore (1861–1941), Mulk Raj Anand (1905–2004), Khwaja Ahmad Abbas (1914–1987) e Sarojini Naidu (1879–1949). Em 1943, artistas de teatro criaram a Associação de Teatro do Povo da Índia (IPTA, na sigla em inglês).
A região de Andhra não ficou imune ao imenso impacto da PWA e da IPTA. A primeira conferência da PWA em Andhra foi realizada em 1943, o mesmo ano em que a IPTA foi fundada em Mumbai. O evento de abertura da IPTA contou com a presença do poeta urdu Makhdoom Mohiuddin (1908–1969) e do diretor de teatro telugu Garikapati Rajarao (1915–1963), que, em poucos meses, realizou a primeira reunião da IPTA na região de Andhra, em Vijayawada, no dia 1º de junho de 1943. Três anos depois, em maio de 1946, a PWA organizou sua primeira escola literária de verão, da qual surgiu o Praja Natya Mandali [Grupo de Teatro do Povo, ou PNM] (Peddi, 2003, p. 200).
O crescimento do PWA e do IPTA na região de Andhra ocorreu no contexto de uma luta intensa entre as forças de Nizam e os camponeses de Telangana. Os Nizam, solicitados pelo Estado colonial britânico a contribuir com grãos alimentícios como um imposto de guerra, começaram a confiscar a colheita dos camponeses pobres. O poeta comunista Bandi Yadagiri escreveu Nyzaam Sarkaroda [Ó Nizam, o governante] sobre essa notável luta camponesa:
Você superou os nazistas
Você nos fez sofrer muito
Nizam, o governante!
Você levou embora toda a colheita
Não deixou um único grão de comida
Ó Nizam, o governante!
Nenhuma terra para cultivar
Nenhuma casa para morar
Fomos para um lugar estrangeiro para nos esconder
Você esperava que
Ao ver a polícia e os militaresNós nos rendessemos
Ó Nizam, o governante!
Nem polícia, nem militares
Nem surras de cassetete
Nem armas, nem bombas
Não importa quantas você traga
Nos farão render
Nizam, o governanteVocê construiu uma força policial corrupta
Para protegê-lo como um mur
Ó Nizam, o governante!
Nalgonda no centro
Suryapeta na periferia
Depois disso é Hyderabad
E então Golconda
Sob o Forte Golconda nós o enterraremos
Nizam, o Governante (Yadagiri, 1990, p. 96, tradução nossa).
నైజాము సర్కరోడా
నాజీల మించినోడా
యమబాధ పెడ్తివి కొడుకో
నైజాము సర్కరోడా!
పండిన పంటనంత
తిండికైన ఉంచకుండ
తీసుక వెళ్ళినావు
నైజాము సర్కరోడా!
దున్నాను భూమిలేక
వుండాను ఇల్లులేక
పరదేశము వెల్తీమి కొడుకో
నైజాము సర్కరోడా!
పోలీసు మిల్ట్రి జూసి
మేము లొంగి వస్తామని
ఒక ఆశపడ్తివి కొడకో!
నైజాము సర్కరోడా!!
పోలీసు మిల్ట్రి గాని
లాఠీల దెబ్బలుగాని
మిషీను గన్నూలుగాని
తుపాకి బాంబులు గాని
నీ వెన్ని తెచ్చినగాని
మేం లొంగీరాం కొడకో!
నెజాము సర్కరోడా!!!
కంచారు గాడ్దులాను
లంచగొండి పోలీసోల్ల
నీవు పెంచినావు కొడకో
నైజాము సర్కరోడా!
చుట్టుముట్టు సూర్యపేట
నట్టనడుమ నల్లగొండ
ఆవాలా హైద్రాబాదా
తర్వాత గోలకొండ
గోలకొండాఖిల్లా కిందా నీ
గోరి కడ్తం కొడకో
నై జాము సర్కరోడా..!
Em um esforço para conter o crescimento da influência comunista sobre os camponeses na vila de Palakurthi (distrito de Jangoan), Visnur Ramachandra Reddy, o oficial Nizam que governava aquele território (conhecido como deshmukh), usurpou a terra do membro da AMS, Chityala Ailamma, uma experiência que era muito familiar para os camponeses naquela época. Vinte e oito camponeses, dirigidos pelos líderes locais da AMS, reuniram-se para defender a colheita de Ailamma e expulsaram duzentos capangas do deshmukh. Em resposta, o deshmukh enviou seus homens para capturar os líderes da AMS, que foram presos e torturados. Após meses de luta, em 4 de julho de 1946, mil camponeses marcharam contra o deshmukh. Seus capangas atiraram contra a marcha, matando Doddi Komaraiah, um camponês pobre, membro do Partido Comunista da Índia e líder da organização local da AMS. A procissão se reuniu, marchou até a casa do deshmukh e a incendiou. Na semana seguinte, os camponeses — organizados pelo Partido Comunista da Índia (PCI) — tomaram duzentos acres de terra do deshmukh e os distribuíram aos camponeses sem terra. A Luta Armada de Telangana havia começado (Sundarayya, 1972).2
Sob a liderança do PCI, os levantes camponeses se espalharam pelo interior. Nem as Forças Estatais de Hyderabad nem os Razakars (uma força voluntária paramilitar em Hyderabad) conseguiram conter a maré. Vila após vila se libertou do governo de Nizam, formando grama rajyams (comunas de vilas) que atacaram hierarquias sociais e redistribuíram terras. Homens e mulheres de todas as castas participaram dos esquadrões armados e lutaram para construir uma vasta zona liberada que cobria quase 5 mil vilas (Sundarayya, 1072; Ram, 1973a, 1973b; Reddy, 1973).
O Praja Natya Mandali escreveu apressadamente canções e peças para educar e inspirar o campesinato rebelde, e militantes de toda a região de Andhra viajaram para Telangana para formar e inspirar pessoas e trazer mais artistas para o rebanho (Ramakrishna, 2012). A peça mais icônica produzida nesse período foi Maa Bhoomi [Nossa Terra], escrita em 1947 pelos artistas comunistas Sunkara Satyanarayana e Vasireddy Bhaskara Rao (ambos do distrito de Krishna na região de Andhra) (Sriperumbudur, 2021). A peça foi baseada na repressão policial que ocorreu em 240 aldeias no distrito de Nalgonda, o epicentro da luta armada de Telangana, onde o Estado de Nizam prendeu 15.350 pessoas, torturou-as (inclusive estuprando 74 mulheres) e matou 52 sob custódia. A peça começa com a história de Bandagi, um camponês muçulmano que foi morto para que o deshmukh tomasse sua terra, e então acompanha a história do povo se levantando com a AMS como seu instrumento.3 O deshmukh tentou quebrar a AMS atiçando diferenças religiosas e de casta, mas não teve sucesso. A peça termina em um cemitério, onde o povo veio celebrar Bandagi e prometer a continuidade da luta sob a AMS, tomar e cultivar terras, e excomungar da aldeia todos aqueles que colaboraram com o Estado de Nizam. Até o final de 1948, 125 grupos haviam encenado Maa Bhoomi e pelo menos vinte milhões de pessoas assistiram à peça (Peddi, 2003, p. 252-288).
Essas peças inspiraram e formaram milhões de pessoas por meio de suas performances, ao mesmo tempo em que transformavam a cultura do teatro e da arte em toda a região. Como Kondapalli Koteshwaramma (1918–2018), uma escritora comunista que participou da luta de Telangana, relembrou: “Durante aquele período, as mulheres não tinham permissão para atuar em peças. Então, as camaradas usaram o exemplo de Bengala, onde a filha de Rabindranath Tagore estava atuando em uma peça. Os líderes seniores concordaram com nossa reivindicação, e pudemos atuar em peças”. A primeira peça em que mulheres atuaram ao lado de homens foi Mundadugu (Um passo à frente) de Sunkara e Vasireddy (Sanghatana, 1989, p. 123).
Moturu Udayam (1924–2002), uma comunista e líder da Andhra Mahila Sabha (Associação das Mulheres de Andhra), estava na clandestinidade durante a luta armada, mas participou da primeira reunião da IPTA em Vijayawada. A primeira mulher a andar de bicicleta na região, Udayam liderou o grupo cultural Burrakatha Squad, que organizou atividades como peças de teatro, incluindo uma sobre a heroína soviética da guerra, Tanya.4 Durante uma de suas passagens pela prisão, em 1947, Udayam escreveu Chevulapilli Magistrate [A Magistrada com Orelhas de Coelho] para protestar contra as condições desumanas nas prisões. Mais tarde, ela lembrou que algumas detentas que assistiram à peça se tornaram comunistas enquanto estavam na prisão como resultado (Sanghatana, 1989).
Durante a luta armada, o poeta Suddala Hanumanthu (1908–1982) escreveu a canção Palleturi pillagada pasulagaase monagaada [Criança escravizada da vila que pode pastorear os animais habilmente], que foi usada na peça Maa Bhoomi e depois na versão cinematográfica de 1979 (Dhanaraju, 2015; Anandachary, 2024). Hanumanthu, que era de Nalgonda (o epicentro da luta armada de Telangana), trabalhou para o governo de Nizam por um curto período antes de se tornar comunista, movido por sua raiva pela forma como o Estado de Nizam operava. Ele falou sobre testemunhar incidentes como um oficial do governo espancando um velho por se recusar a carregar sua bagagem e o impacto que isso teve sobre ele. Hanumanthu foi inspirado pela resistência do povo contra a degradação e exploração rotineiras impostas a eles pelo governo de Nizam. Ele escreveu a canção Vey vey debbaku debba [Dê um golpe para cada golpe que receber], tomando o título das palavras proferidas por uma mulher idosa quando uma reunião da AMS foi atacada pelos Razakars:
Dê um golpe a cada golpe
Os capangas demônios da milícia de Nizam
Estão aqui para lutar contra nós
Ataque-os com enxó
Corte-os em pedaços com uma faca afiada
Enquanto eles gritam e berram
Deixe os corvos e as águias se banquetearem com eles!
Ei! Ei! Um golpe a cada golpe
Por que os soldados e Razakars estão aqui?
Por que os saques?
Por que os tiros?
Por que os assassinatos?
Quem o Nizam pensa que é?
…
Até que o inimigo seja destruído
Jure não abaixar sua arma!
Lute contra o inimigo com o que tiver
Sua arma é tão poderosa quanto a arma de Indra
Ei! Ei! Um golpe a cada golpe
Erga-se e levante-se, ó agricultor, ó trabalhador
Rao, Reddy, Kurmas, Gollas
Carpinteiros, oleiros, lavadores, barbeiros
Harijans, tribais
Prendam seus lombos
Peguem a foice, a adaga, o machado
Farpa, espada, arma
Mergulhem na guerraVitória ruidosa
…
Caíram dois em um golpe
Três em um golpe
Ei! Ei! Um golpe a cada golpe (Tirumala, 1990, tradução nossa).
దెబ్బకు దెబ్బ – వెయ్ వెయ్
దయ్యపు గుండా
గోయలు తుర్కలు
కయ్యమునకు మనపైబడి వచ్చిరి
ఇయ్యరమొయ్యర వేయర బడితను
కుయ్యో మొర్రన కోయర చురికతొ
చ్రియ్యలు, వ్రయ్యలు , వ్రయ్యలుగా ఎగ
రేయర కాకులుమేయగ గ్రద్దలు
వెయ్ వెయ్ – వేయర దెబ్బ
దెబ్బకు దెబ్బ – వెయ్ వెయ్
ఎక్కడి సైనికు లెక్కడి
రజా కార్లెందుకు ఇక్కడ?
ఎందుకు దోపిళ్ళెందుకు
కాల్పులు ఎందుకు
హత్యలు యెవడా? నైజామ్.
…
రాక్షస పాలన
విధ్వంసము గావించే వరకు
ఎత్తిన
ఆయుధ మెపుడు దించమని
శపథము చేసి,
శత్రమూకలను, చెండాడర, నీ
కందినదే వజ్రాయధమగునిల
వెయ్ వెయ్ – వేయర దెబ్బ
లేరాలేరా! రారా! వేగమే రైతా! కూలీ!
రావూరెడ్డి
కూర్మాగొల్ల కుమ్మర కమ్మర
చాకల, మంగల, హరిజన, గిరిజన,
నడవర ముందుకు, నడుం బిగించి,
కొడవలి కఠారి గొడ్డలి చిల్ల బాకూ
వడిళల బర్మి తుపాకిచేకొనిరణములొ
దూకర జై యని…
నరకర ఎగబడి పొడవర తెగబడి
ఏటుకు ఇద్దరు,
పోటుకు ముగ్గురు.
వెయ్ వెయ్ – వేయర దెబ్బ
O campesinato obteve ganhos substanciais ao destronar os latifundiários e construir uma base produtiva socialista durante a luta armada de Telangana, que durou de 1946 a 1951. Um milhão de acres de terra foram distribuídos aos trabalhadores agrícolas nesse período, que foram então assessorados e supervisionados por comitês populares. O vetti [trabalho forçado baseado em castas] foi abolido, assim como a prática de manter devadasis [escravas sexuais]. O povo transcendeu as limitadas afiliações identitárias e forjou fortes laços sociais. Versos de canções populares da luta armada deixam isso claro, como “a casta não lhe dá comida, meu irmão; devemos lutar juntos”. Nada disso teria acontecido sem a contribuição dos artistas, cantores e baladeiros populares, cujas canções e peças inspiraram milhões de pobres e oprimidos a imaginar um mundo no qual não estariam mais acorrentados enquanto construíam sua confiança para lutar por ele (Ravinder, 2016; Satyanarayana, 2019).
Em 1948, o Nizam estava ansioso para que Hyderabad permanecesse independente da recém-formada Índia, o que irritou o Primeiro Ministro Jawaharlal Nehru e o governo indiano. Por essa razão, o governo indiano enviou o exército para tomar Hyderabad e incorporá-lo à Índia. Depois de derrubar o estado do Nizam, o exército indiano voltou suas armas contra os líderes da AMS e o campesinato radicalizado. P. Sundarayya (1913–1985), um líder comunista que foi fundamental na luta armada de Telangana, relatou:
Cerca de 4 mil comunistas e militantes camponeses foram mortos; mais de 10 mil quadros comunistas e lutadores do povo foram jogados em campos de detenção e prisões por um período de três a quatro anos; nada menos que um mínimo de 50 mil pessoas foram arrastadas para campos policiais e militares de tempos em tempos para serem espancadas, torturadas e aterrorizadas por semanas e meses seguidos; vários lakhs [centenas de milhares] de pessoas em milhares de aldeias foram submetidas a ataques policiais e militares e sofreram cruéis ataques de lathi [espancamentos com cassetetes]; as pessoas no curso desses ataques militares e policiais perderam propriedades no valor de milhões de rúpias que foram saqueadas ou destruídas; milhares de mulheres foram molestadas e tiveram que passar por todos os tipos de humilhações e indignidades (Sundarayya, 1972).
Em 1950, Sri Sri publicou seus poemas em uma coleção chamada Maha Prasthanam [Grande Jornada], que transformou o trabalho desse poeta comunista na trilha sonora de um povo. Em 1951, o PCI oficialmente pôs fim à luta armada de Telangana, embora a luta continuasse em algumas áreas. Em 1956, o novo governo indiano esmagou o que restava da luta armada e criou o estado de Andhra Pradesh. Ainda assim, seu legado permaneceu. Nehru foi forçado a aceitar alguns aspectos da redistribuição de terras alcançada durante esse período, e o povo nunca esqueceu as canções.
A estrela vermelha continua brilhando
Nas eleições parlamentares [Lok Sabha] de 1952, as primeiras sob a Constituição de 1950, dezesseis comunistas ganharam assentos. Sete destes representavam a área em que a luta armada de Telangana ocorreu. Um oitavo assento foi conquistado por Harindranath Chattopadhyay (1898–1990), um candidato independente apoiado pelo PCI e irmão mais novo de Sarojini Naidu (ex-presidente do Congresso e poeta) e Virendranath Chattopadhyay (um líder da Internacional Comunista). Na época da luta armada, Chattopadhyay escreveu o poema “Tales of Telangana” [Contos de Telangana], que foi amplamente distribuído pela região e pelo país:
um conto de Telangana, um conto angustiante
…
[Telangana] é outro nome para história
…
É ecoado e re-ecoado
Através dos corredores escuros do tempo futuro
Através dos quais a lógica histórica caminha
em direção
À sua grande realização (Sundarayya, 1972).
Os ecos da luta armada de Telangana realmente reverberaram ao longo do tempo.
A luta armada de Telangana foi um episódio em uma história mais longa de agitação camponesa por sua própria libertação que remonta a antes do início da luta armada em 1946, aos protestos camponeses que levaram à primeira conferência anti-zamindari (proprietários de terras) de Andhra Pradesh realizada em Nellore em setembro de 1931 e a uma marcha histórica de kisans (fazendeiros) de Ichchapuram (distrito de Srikakulam) para Madras em 1937. Foi esse ciclo de protestos camponeses que levou à formação da seção regional do All India Kisan Sabha [Sindicato de Agricultores de Toda a Índia] e, em seguida, à região ser selecionada duas vezes para sediar a conferência AIKS, uma vez em Palasa (1940) e novamente em Vijayawada (1944). O AIKS mobilizou 100 mil camponeses para a reunião de Vijayawada e, em sua conclusão, liderou uma enorme campanha em 2 mil aldeias para levar a mensagem das lutas camponesas ao povo. No ano seguinte, 50 mil camponeses marcharam de suas aldeias para Tenali (distrito de Guntur) para a Conferência Kisan Sabha da região de Andhra (Ravi, 2015, p. 114; Ravi et al., 2006; Raghupal e Venkateswarlu, 2011; Ramakrishna, 2012; Anandachary et al., 2012; Koteswara Rao et al., 2013; Raghupal e Yadgiri, 2006; Siddayya, 2012). As lutas camponesas se transformaram na luta armada de Telangana e permaneceram intactas durante um novo ciclo de agitação iniciado na década de 1960.
Quando o estado de Andhra Pradesh foi criado em 1956, o governo indiano começou a desenvolver a agricultura comercial na região, exacerbando os problemas já existentes no campo, como a desigualdade de castas e as vantagens garantidas por certas castas dominantes sobre o estado, ambas as quais levaram a uma privação e violência mais profundas contra as castas oprimidas, particularmente os trabalhadores sem terra. Isso provocou resistência entre os camponeses da região, o que forçou o governo a convocar um inquérito de reforma agrária e aprovar reformas como a Lei de Abolição de Inams de Telangana de 1955 (Srinivasulu, 2002, p. 8). Essa luta foi um resultado direto do movimento camponês na região.
As reformas brandas aprovadas imediatamente após a independência da Índia não resolveram a crise enfrentada pelos trabalhadores agrícolas e camponeses. A promessa da luta armada de Telangana permaneceu viva e surgiria repetidamente em inúmeras formas, incluindo levantes camponeses armados e a poesia que surgiu junto com esses levantes.
Em 31 de outubro de 1967, mais de uma década após o fim da luta armada, Koranna e Manganna, dois camponeses comunistas que viviam na vila de Levidi, estavam a caminho da Conferência Girijan Samagam [Girijan significa “povo das colinas” e se refere a um grupo de povos Adivasi, ou tribais, que vivem nas colinas que se estendem ao longo da borda leste da Índia, conhecidas como Ghats Orientais]. Antes de chegarem à conferência, eles foram parados por proprietários de terras da vila e posteriormente mortos. Quando a notícia do assassinato chegou à conferência, os Girijans retaliaram atacando os proprietários de terras, e a luta se espalhou pela região. Por um ano inteiro, os Girijans e outros camponeses tribais atacaram proprietários de terras e delegacias de polícia nesta parte de Andhra Pradesh. Esse foi o início de uma nova fase na luta intensificada dos camponeses contra as autoridades. A rebelião se espalhou para distritos próximos, incluindo Srikakulam, que se tornou seu epicentro. Três homens emergiram como líderes dessa revolta: Subba Rao Panigrahi (1933–1969), que tinha sido um sacerdote do templo, Vempatapu Satyanarayana ou ‘Satyam’ (1934–1970), que era um professor, e Adibhatla Kailasam (morreu em 1970 com Satyam), que também era um professor. Eles mobilizaram um grande número de camponeses, incluindo Adivasis, para ingressarem em seus grupos armados associados ao Partido Comunista da Índia (Marxista-Leninista), de orientação maoísta. O governo indiano, ansioso para acabar com esta rebelião maoísta, enviou 12 mil tropas para a área. Todos os três líderes foram mortos, e o movimento por fim se dissipou.
No final da década de 1960, em meio a essa efervescência revolucionária, o cineasta B. Narsing Rao (nascido em 1946) criou a Art Lovers’ Association [Associação de Amantes da Arte] na zona rural de Hyderabad, que realizava reuniões semanais para discutir a necessidade de criar arte revolucionária que atendesse às necessidades das lutas camponesas. Dessas reuniões, os membros — muitos agora dentro do movimento maoísta — formaram o Jana Natya Mandali (Grupo de Teatro do Povo, ou JNM). Inspirado pela tradição comunista da arte popular, o JNM coletou, preservou e compartilhou milhares de canções folclóricas e canções revolucionárias, viajando para vilas ao redor de Hyderabad para coletar poemas e compartilhar poesias que haviam sido escritas.
Em 4 de julho de 1970, artistas e escritores radicais fundaram a Viplava Rachaitala Sangham (Associação de Escritores Revolucionários, também conhecida como Virasam), de orientação maoísta, sob a liderança de Sri Sri como seu presidente fundador. Esses escritores e artistas foram inspirados pelas teorias culturais marxistas de Joseph Stalin e Mao Zedong, que disseram, respectivamente, que a arte deve ser “proletária no conteúdo, nacional na forma” e deve se mover “das massas para as massas” (Stalin, 1954; Venugopal, 2013; Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, 2022). Virasam iniciou uma revista mensal chamada Arunatara [Estrela Vermelha], na qual publicava poesia junto com análises políticas. Entre as contribuições mais importantes estava o poema e a canção “Narudo Bhaskarudo” (Ó humano! Ó Bhaskar!, 1970) de K. G. Satyamurthy (1931–2012, também conhecido pelo seu nome de guerra Sivasagar), uma vez que foi o primeiro do seu gênero em telugu a tornar a poesia acessível ao povo na linguagem coloquial (Venugopal, 2013). A canção, que prestava homenagem a um mártir chamado Bhaskar, diz:
Ó humano! Ó Bhaskar!
Os olhos vermelhos [de raiva]
Ó humano! Ó Bhaskar!
Você se jogou na luta
Ó humano! Ó Bhaskar!
Debaixo de uma árvore barenka
Ó humano! Ó Bhaskar!
Você pegou em armas
Ó humano! Ó Bhaskar!
Pegando em armas
Ó humano! Ó Bhaskar!
Você cortou laços com sua família e comunidade
Ó humano! Ó Bhaskar!
Debaixo de uma árvore goddangi
Ó humano! Ó Bhaskar!
Você afiou seu machado
Ó humano! Ó Bhaskar!
Com o machado afiado
Ó humano! Ó Bhaskar!
Você acertou um urso
Ó humano! Ó Bhaskar!
Debaixo da árvore mahua
Ó humano! Ó Bhaskar!
Você lutou com arcos e flechas
Ó humano! Ó Bhaskar!
Com os arcos e flechas
Ó humano! Ó Bhaskar!
Você reivindicou a vitória
Ó humano! Ó Bhaskar!
Enxergando seu valor
Ó humano! Ó Bhaskar!
Eles [o estado] com olhos venenosos
…
Ó humano! Ó Bhaskar!
Eles [o estado] decapitaram você
Ó humano! Ó Bhaskar!
Perto da fronteira de Singeri
Ó humano! Ó Bhaskar!
…
O caminho que você mostrou
Ó humano! Ó Bhaskar!
É o nosso grande caminho
Ó humano! Ó Bhaskar!No seu caminho
Ó humano! Ó Bhaskar!
Pegaremos em armas
Ó humano! Ó Bhaskar!
Debaixo de uma árvore barenka
Ó humano! Ó Bhaskar!
Você pegou em armas
Ó humano! Ó Bhaskar!
Pegando em armas
Ó humano! Ó Bhaskar!
Você cortou laços com sua família e comunidade
Ó humano! Ó Bhaskar! (Satyamurthy, 2019, p. 36-38)
కన్నెర సేస్తివయ్యా నరుడో! భాస్కరుడా!
కన్నార సేసి నీవు నరుడో! భాస్కరుడా!
కదనాన దూకితివా నరుడో! భాస్కరుడా!
బర్రెంక సెట్టుకింద నరుడో! భాస్కరుడా!
బందూకు పడ్తివయ్య నరుడో! భాస్కరుడా!
బందూకు సేతబట్టి నరుడో! భాస్కరుడా!
బంధాలు తెంచ్తివయ్య నరుడో! భాస్కరుడా!
గొట్టంకి సెట్టుకింద నరుడో! భాస్కరుడా!
గొడ్డళ్ళు నూర్తివయ్య నరుడో! భాస్కరుడా!
గొడ్డళ్ళు నూరి నీవు నరుడో! భాస్కరుడా!
గుడ్డెలుగు కొడ్తివయ్య నరుడో! భాస్కరుడా!
విప్పపూ సెట్టుకింద
నరుడో! భాస్కరుడా!
విల్లు సారించితివా
నరుడో! భాస్కరుడా!
విల్లంబు సారించి
నరుడో! భాస్కరుడా!
విజయ మే అన్నావో నరుడో! భాస్కరుడా!
నీదు శౌర్యం సూసి నరుడో! భాస్కరుడా!
కళ్ళల్లో జిల్లేళ్ళు నరుడో! భాస్కరుడా!
…
నీ శిరసు తీస్తిరయ్య నరుడో! భాస్కరుడా!
శింగేరి గట్టుకింద నరుడో! భాస్కరుడా!
…
నీవు సూపినబాట నరుడో! భాస్కరుడా!
మాదొడ్డ బాటయ్య నరుడో! భాస్కరుడా!
నీ బాటనే మేము నరుడో! భాస్కరుడా!
బందూకు పడ్తాము నరుడో! భాస్కరుడా!
బర్రెంక సెట్టుకింద నరుడో! భాస్కరుడా!
బందూకు పట్టాము నరుడో! భాస్కరుడా!
బందూకు సేతబట్టి నరుడో! భాస్కరుడా!
బంధాలు తెంచాము నరుడో! భాస్కరుడా!
Inspirado por essas tradições radicais, o jovem cantor popular Gummadi Vithal Rao (1949–2023) – que recebeu o apelido de Gaddar (Revolta) – foi a uma reunião do Virasam e falou com Narsing Rao, que mais tarde fez filmes revolucionários como Maa Bhoomi (Nossa Terra, 1979) e Daasi (Mulher Escrava, 1988). “Uma canção revolucionária”, Narsing disse a Vithal, “deve representar as lutas do povo para sobreviver e suas lutas cotidianas para superar essa condição” (Narsing Rao, 2023, p. 5).
Em sua busca para criar tais canções revolucionárias, Vithal e seu grupo se depararam com esta popular canção “Apura Bandodo” [Pare, ó, carroceiro]:
Eu vou com você.
Você e eu corremos
Eu vou beijar sua bochecha!
Espere, carroceiro!
Eu vou seguir sua carroça.
Espere até eu vestir meu sari
Até eu vestir minha blusa.
Espere, carroceiro!
Eu vou seguir sua carroça (Gaddar, 2021).
నిలుపుర బండోడో బండిమీద నేనొస్తా
నువ్వు నేను పారిపోదాం
నీ బుగ్గ కొరుకుత
అపుర బండోడో బండెంట నేనొస్తా
చీరగట్టిందాకా
రైకా దొడిగిందాకా
అపుర బండోడో
బందెంటనేనొస్తా..
Mas a canção parecia romântica demais, não sendo exatamente representativa da vida difícil de um carroceiro. Usando a melodia da música, Gaddar escreveu uma versão que ecoou mais com as pessoas:
No teatro Satya, eu vou te mostrar cinemas.
Em Lal Bazaar, eu vou te dar
doces laddus para comer.
Em Karkhana, eu vou te dar toddy.
No Alpha Hotel, eu vou te dar aloo biryani.
Pare, puxador do riquixá
Eu vou no seu riquixá (Gaddar, 2021).
సత్యా టాకీస్లోన నీక్ సిన్మా జూపిస్తా
లాల్బజార్ కాడా లడ్డు మిఠాయ్ దినిపిస్తా
కార్ఖాన కాడా – నిక్ కల్లు బోపిస్తా
ఆల్ఫా హోటల్లో ఆలు బిర్యాని దినిపిస్తా
ఆపుర రిక్షోడో రిక్షెంట నేనొస్తా
నిలుపుర రిక్షోడో రీక్ష మీద నేనొస్తా
Mas mesmo isso parecia inadequado. De onde o narrador tiraria dinheiro para comprar essas guloseimas para o puxador de riquixá? Então, Gaddar continuou em sua busca pelo tom certo:
nossas barrigas não se encherão!
Não importa o quanto trabalhemos,
nossas barrigas não se encherão.
Nesse governo do Congresso,
nossas barrigas não se encherão.
Pare seu riquixá e eu me juntarei a você (Gaddar, 2021).
డొక్క నిండని మనకు
కాయ కష్టం జేశ్నా – కడుపే నిండని
మనకు
ఈ కాంగ్రెస్ పాలనలో
మన కడుపు నిండదిరా
నిలుపుర రిక్షోడో – రిక్ష మీద నేనొస్తా
A música, em sua última iteração, tornou-se um sucesso, e também seu autor, Gummadi Vithal Rao que foi rapidamente apelidado de Gaddar (revolta). Quando morreu em 2023, aos 74 anos, ele havia se tornado o artista mais popular de Jana Natya Mandali e escrito e cantado mais de 5 mil canções, muitas das quais passaram para o folclore, adoradas por milhões que muitas vezes desconhecem sua origem.
Filho de camponeses sem terra que pertenciam a uma casta oprimida na aldeia de Tupran, no distrito de Medak, em Telangana, Gaddar abandonou a faculdade de engenharia por razões financeiras. Em 1972, ele se integrou à Guerra Popular. Durante a Emergência (1975-1977), quando o governo indiano anulou a Constituição, ele foi detido e encarcerado por 45 dias. Em 1986, ele passou à clandestinidade e trabalhou na floresta de Dandakaranya por oito meses. Em 1992, fundou a Escola Bodhi para crianças de famílias pobres e aquelas cujos pais foram mortos em confrontos com a polícia. Em 1995, foi suspenso do Guerra Popular por escrever músicas para um filme comercial. Em 6 de abril de 1997, homens armados não identificados tentaram assassiná-lo. Ele foi baleado seis vezes, sobreviveu, mas viveu o resto de sua vida com uma bala alojada em sua espinha dorsal. Isso não freou suas músicas.
A arte deve ir das massas para as massas
As canções estão profundamente enraizadas na paisagem e nas lutas do povo de língua telugu. É nas canções que as histórias são preservadas; é nas canções que a luta de classes se manifesta ao contestar interpretações históricas; e é por meio das canções que novas lutas que aumentam a coesão social e a confiança são germinadas.
Uma série de artefatos culturais em todo o mundo contestam o poder feroz dos proprietários de terras. Os proprietários de terras não apenas exigem poder sobre o excedente produzido pelo campesinato, mas também exigem formas de devoção que são incompatíveis com a humanidade. Em 1927, um jovem Mao Zedong (1893–1976) foi a Hunan para investigar as condições do campesinato e perguntou:
Mesmo que dez mil escolas de Direito e Ciência Política tivessem sido abertas, elas poderiam ter trazido tanta formação política para as pessoas, homens e mulheres, jovens e velhos, até os rincões mais remotos do campo, como as associações camponesas fizeram em tão pouco tempo? (Zedong, 1965, p. 47)
Foram essas associações camponesas que introduziram os camponeses a novas palavras de ordem para dar-lhes confiança. Foram essas associações camponesas e suas unidades culturais engajadas, com suas peças, canções e palavras de ordem, que ajudaram a quebrar o poder milenar da classe dos proprietários de terras.
A ideia de que Deus concedeu poder econômico e político à monarquia e à classe dos proprietários de terras está profundamente enraizada entre os camponeses. Desmantelar essa ideia requer imensa coragem, organização e confiança, que é exatamente o que a combinação de luta política e cultural fornece. Se a terra for redistribuída, mas o camponês ainda ver o proprietário de terras como divino, as antigas classes dominantes sempre retornarão ao poder. É a luta política que quebra o poder da classe dominante, mas é a luta cultural que sustenta essa vitória e permite que tanto o proprietário quanto o camponês eventualmente se tornem humanos.
Notas
1 Andhra e Telangana são ambos parte da região de língua Telugu. Antes da independência, Andhra estava sob domínio britânico e Telangana sob domínio do Nizam de Hyderabad. Após a independência e depois de uma luta conjunta, as duas regiões formaram o estado de Andhra Pradesh (1956). Em 2014, o estado foi dividido em Andhra Pradesh e Telangana.
2 Ver também: Kamalakar, 2018, p. 51–60; Dhanaraju, 2014, p. 37–43.
3 Para saber mais sobre a luta de Sheik Bandagi, ver Venkateswara Rao, 2002.
4 Tanya era o nome de guerra de Zoya Kosmodemianskaia, uma jovem comunista que lutou contra os nazistas, mas foi capturada no começo da guerra e enforcada. Sua lenda se difundiu por toda a URSS e entre os comunistas de todo o mundo. Sua vida se tornou um filme épico Zoya, de Lev Arnshtam, em 1944 (Peddi, 2003, p. 201).
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