Cartilha sobre evangélicos se debruça sobre o fenômeno religioso
Pesquisa sobre os Evangélicos e a Política
Quem são os evangélicos? Como e por que eles cresceram tanto nas últimas décadas? O que os evangélicos pensam sobre a esquerda brasileira? Afinal, ao falarmos sobre os evangélicos estamos tratando de algo homogêneo?
Essas são apenas algumas perguntas que a cartilha Evangélicos e Trabalho de base, construída pela Pesquisa sobre os Evangélicos e a Política, do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, pretende responder.
Lançada nesta quinta-feira (10), a cartilha tem o objetivo de compreender as diferentes e contraditórias expressões da fé popular evangélica, tão presente nas periferias e territórios dos campos e das cidades brasileiras, uma vez que esse segmento da população já representa mais de 30% da sociedade brasileira.
A cartilha foi elaborada a partir de entrevistas com evangélicos e evangélicas de diferentes vertentes e opiniões, seja elas progressistas, conservadoras ou pessoas consideradas “em disputa”. Também foram ouvidas e acompanhado os desafios e superações do trabalho de base de militantes de organizações populares nos territórios, que encontram evangélicos no cotidiano da luta e precisam lidar com esse novo cenário. Com isso, a cartilha Evangélicos e Trabalho de base mergulha no profundo do fenômeno religioso, desde a literatura a cultos evangélicos, com suas possibilidades, contradições e fissuras.
Por que os evangélicos?
O enfoque na religião evangélica ocorre porque há um reconhecimento de que a esquerda brasileira se distanciou da religiosidade popular, que em outro momento era majoritariamente católica e agora passa a ser cada vez mais evangélica.
Segundo a cartilha, “a mudança da paisagem religiosa brasileira tem impactos na política e na luta de classes: se não conseguimos nos comunicar mais com o povo, mover corações e mentes para a luta, não avançamos no projeto popular para o Brasil. Temos como objetivo compreender as bases dessa nova configuração de classe que passa a ser essencial para a Batalha de Ideias, sem que com isso percamos a dimensão e importância do diálogo com outras religiosidades”.
A cartilha também reconhece um preconceito e uma tensão da esquerda em relação a fé evangélica, e a necessidade de desconstruí-los devido a importância simbólica e numérica dos evangélicos no atual cenário político.
Afinal, como nos alerta a cartilha Evangélicos e Trabalho de base, é preciso “compreender que o projeto de uma religiosidade popular tem um propósito estratégico revolucionário, visto que a fé impulsiona a práticas de transformação! A fé pode e deve influenciar o projeto histórico emancipatório e para isso precisamos relembrar seu caráter profético, de denunciar os males de seu tempo e apontar novos horizontes justos”.