Skip to main content
Artigos

Giro Econômico | As principais notícias da economia do Brasil e do mundo

A Goldman Sachs apresentou preocupações com a capacidade do dólar americano se manter como moeda de reserva global no futuro.

 

 

São Paulo, 01 de agosto de 2020
Nº 008/20 – semana 5

 

Síntese: A economia mundial mantém sua trajetória de crise, com a divulgação dos dados do PIB dos principais países. O PIB do segundo trimestre dos EUA apresentou uma queda de -9,5% em relação ao trimestre anterior. Na Alemanha, a queda no segundo trimestre comparado ao primeiro foi de -10,1%. No México, a queda do segundo trimestre comparado ao primeiro de 2020 foi de -17,3%. Com isso, a Goldman Sachs apresentou preocupações com a capacidade do dólar americano se manter como moeda de reserva global no futuro. Em meio ao crescimento do desemprego e pobreza, os bilionários da América Latina e do Caribe aumentaram sua fortuna em US$ 48,2 bilhões durante a pandemia. No Brasil, o total de endividados no mês de julho de 2020 é de 67,4%, a maior proporção da série histórica; o estoque da Dívida Pública Federal alcançou R$ 4,36 trilhões no mês de junho, um aumento de 3,27% em relação ao mês de maio. Nas Contas Públicas, o déficit primário no primeiro semestre do ano soma R$ 417,2 bilhões, o pior resultado desde 1997. No mercado de trabalho, cerca de 7 milhões da população ocupada estavam afastados do trabalho devido ao distanciamento social. A população desocupada foi estimada em 12,2 milhões de pessoas, a taxa de desocupação ficou em 13,1%. O Ministério da Agricultura aponta crescimento de 27% na produção de grãos do país na próxima década, puxado pela soja, com destaque para a região de Matopiba que registrará o maior aumento na produção de grãos.

 

INTERNACIONAL

1. A economia mundial mantém sua trajetória de crise, com a divulgação dos dados do PIB dos principais países. O PIB do segundo trimestre dos EUA apresentou uma queda de -9,5% em relação ao trimestre anterior. Comparando ao mesmo trimestre de 2019, a queda foi de -32,9%. Na Alemanha, a baixa no segundo trimestre comparado ao primeiro trimestre foi de -10,1%. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior foi próximo de -40%. No México, a queda do segundo trimestre comparado ao primeiro de 2020 foi de -17,3%; as projeções para o PIB do ano de 2020 para esse país é de -10%. Já a China teve um crescimento de 3,2% no PIB no segundo trimestre comparado ao primeiro trimestre do ano, como já apresentado no Giro Econômico do dia 17 de julho.

2. Com os resultados dos EUA e as incertezas com as políticas do governo, a Goldman Sachs apresentou preocupações com a capacidade do dólar americano se manter como moeda de reserva global no futuro, afirmando a posição do ouro como moeda de último recurso.

3. Enquanto a crise pode levar mais países a impossibilidade do pagamento de suas dívidas externas, segundo o diretor do Banco Mundial em entrevista ao jornal Valor Econômico, o número de bilionários da América Latina e do Caribe aumentaram sua fortuna em US$ 48,2 bilhões durante a pandemia, segundo o relatório da Oxfam-Brasil “Quem Paga a Conta? – Taxar a Riqueza para Enfrentar a Crise da Covid na América Latina e Caribe”. No Brasil, os 42 bilionários aumentaram suas fortunas em US$ 34 bilhões no mesmo período.

 

CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO

4. O auxílio emergencial possibilitou que a participação das pessoas que vivem abaixo da linha de extrema pobreza fosse a menor nos últimos 40 anos, mostra levantamento feito pelo Ibre/FGV. Em junho 3,3% da população vivia com renda domiciliar per capita de R$ 154 mensais por membro da família, o equivalente a 6,9 milhões de pessoas. No mês de maio a proporção era de 4,2%. O fim do programa pode provocar um “repique” na pobreza extrema.

 

CRÉDITO, DÍVIDA E JUROS

5. O total de endividados no mês de julho de 2020 é de 67,4%, a maior proporção da série histórica da pesquisa feita pela Confederação nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). 26,3% estão com dívidas e contas em atraso. O impacto é maior nas famílias com menor renda; as faixas que recebem até 10 salários mínimos o percentual de endividamento é de 69%, já as famílias que recebem acima de 10 salários mínimos o percentual é de 59,1%. O cartão de crédito segue em primeiro lugar das principais dívidas com a participação de 76,2%.

6. O estoque da Dívida Pública Federal alcançou R$ 4,36 trilhões no mês de junho, um aumento de 3,27% em relação ao mês de maio, segundo o relatório do Tesouro. As emissões da dívida pública foram de R$ 118,8 bilhões, sendo R$ 101,6 bilhões da dívida interna e R$ 17,2 bilhões da dívida externa. Hoje, 95% da dívida é interna (em reais) e 5% externa (em outras moedas). A Dívida Líquida do Setor Público está em 58,1% do PIB e a Dívida Bruta do Governo Geral está em 85,5% do PIB, de acordo com o relatório do Banco Central.

 

CONTAS PÚBLICAS

7. O déficit primário de junho de 2020 do Governo Central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) foi de R$ 194,7 bilhões. No primeiro semestre do ano o déficit primário soma R$ 417,2 bilhões, o pior resultado desde 1997. A projeção do governo para o ano é um déficit de R$ 787,4 bilhões, próximo de 11% do PIB. Os gastos principais dizem respeito a resposta à crise da Covid-19 que alcançou o valor no mês de junho de R$ 96,8 bilhões.

8. Os ingressos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 4,8 bilhões, ante US$ 547 milhões no mesmo mês de 2019; os fluxos líquidos de investimentos diretos no exterior (IDE) tiveram regressos líquidos ao país (desinvestimentos) de US$ 2,9 bilhões, é o que mostra o relatório das estatísticas do setor externo do Banco Central. As reservas internacionais estão em US$ 348,8 bilhões no mês de junho, um aumento de US$ 3,1 bilhões em comparação a maio.

 

INFLAÇÃO E CONSUMO DAS FAMÍLIAS

9. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) da FGV subiu 2,23% em julho, acumulando uma alta no ano de 6,71%. Os três índices componentes do IGP-M apresentaram aceleração em julho. O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), índice de maior peso, registrou forte alta nos preços de importantes commodities, como minério de ferro (5,83% para 8,98%), soja (1,43% para 8,89%) e bovinos (3,26% para 8,94%). Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) foi diretamente influenciado pela alta de 4,45% no preço da gasolina. Por fim, a taxa do INCC (índice Nacional de Custo da Construção) avançou por conta dos acordos coletivos firmados no Rio de Janeiro e em São Paulo, que resultaram em alta de 0,92% na mão de obra.

 

MERCADO DE TRABALHO E RENDA

10. No mês de junho foram fechados 11 mil postos de trabalho formais, segundo os dados do Ministério da Economia. Esse resultado é o saldo final da admissão de 895,4 mil pessoas e a demissão de 906,4 mil pessoas no mês. Os setores da agricultura e da construção foram os que apresentaram resultados positivos com a criação de 36,8 mil e 17,3 mil postos de trabalho, respectivamente. O comércio fechou 16,6 mil postos de trabalho, os serviços 44,9 mil e a indústria 3,5 mil.

11. A PNAD COVID19 do IBGE estimou em 81,1 milhões a população ocupada do país na semana de 5 a 11 de julho. A população ocupada e não afastada do trabalho foi estimada em 71,0 milhões de pessoas, entre essas pessoas, 8,2 milhões (ou 11,6%) trabalhavam remotamente. Cerca de 7 milhões (8,6% da população ocupada) estavam afastados do trabalho devido ao distanciamento social; na semana de 3 a 9 de maio eram 16,6 milhões ou 19,8% dos ocupados. A população desocupada foi estimada em 12,2 milhões de pessoas, a taxa de desocupação ficou em 13,1%.

12. Na semana de 20 a 24 de julho 49% dos servidores públicos federais civis estavam trabalhando em casa, o que corresponde a 79.500 trabalhadores. É o que aponta levantamento da Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia. Os casos registrados no sistema com Covid-19 foram de 1.876.

 

EMPRESAS (INDÚSTRIA, COMÉRCIO, SERVIÇOS E AGRONEGÓCIO)

13. A disputa pela fatia do BNDES da empresa de energia Tietê terminou com o Grupo americano AES Corp levando a melhor. A empresa passa a deter 42,9% do capital social da geradora de energia renovável, enquanto o banco ficou com cerca de 9% da companhia.

14. Em estudo de projeções do Agronegócio, o Ministério da Agricultura aponta crescimento de 27% na produção de grãos do país na próxima década, podendo chegar a um volume de produção de 318 milhões de toneladas em 2029/2030. A produção de proteínas terá um aumento de 23,8% no período. A projeção é que o crescimento seja puxado pela Soja, milho e algodão; a região de Matopiba registrará o maior aumento na produção de grãos. Um artigo sobre a frágil contribuição do campo para a retomada do crescimento econômico mostra como os impactos nas demais áreas e o efeito de encadeamentos positivos não são os defendidos pelo setor; a realidade é que a agropecuária tem pouco poder para impulsionar a economia.

 

ESPECIAL COVID-19

15. Os recursos liberados pelo Governo Federal do Auxílio Emergencial foram até o momento de R$ 145,9 bilhões, sendo feitos 207,3 milhões de pagamentos e beneficiando 65,4 milhões de pessoas, segundo a Caixa.

16. No monitoramento de gastos da União com o Covid-19, o Tesouro Nacional mostrou que já foram gastos R$ 286,5 bilhões (na semana passada foi de R$ 283,7 bilhões) de uma previsão de R$ 510,0 bilhões (na semana passada era de R$ 509,6 bilhões). Os maiores valores foram com o Auxílio Emergencial a Pessoas em Situação de Vulnerabilidade (R$ 167,41 bi), Auxílio Financeiro aos Estados, Municípios e DF (39,94 bi) e Cotas dos Fundos Garantidores de Operações e de Crédito (R$ 20,9 bilhões).