Skip to main content
Artigos

Giro Econômico | As principais notícias da economia do Brasil e do mundo

O preço do arroz e do feijão disparam e apresentam uma variação de 19,25% e 30% no acumulado do ano.

 

 

São Paulo, 11 de setembro de 2020
Nº 015/20 – semana 2

 

Síntese: Empresas dos EUA ignoram pressão de Trump e mantém indústria na China. As exportações chinesas aumentam pelo terceiro mês consecutivo, apontando para uma rápida recuperação do país. Já a Alemanha apresentaram um crescimento da indústria de 1,2% em julho, ficando ainda 11% abaixo do nível pré-pandemia. No Brasil, a previsão do PIB para o ano está em -5,31%, com destaque para a produção industrial esperada de -6,38%. O volume de serviços para se recuperar com um crescimento de 2,6% no mês de julho; o comércio varejista apresentou uma alta de 5,2% no mesmo mês. Os recursos da segunda fase da linha de crédito para micro e pequenas empresas já se esgotaram nos principais bancos. A inflação medida pelo IPCA/IBGE do mês de agosto foi de 0,24%, com destaque para a elevação do preço dos alimentos; o arroz e o feijão apresentaram uma variação de 19,25% e 30% no acumulado do ano, respectivamente. No mercado de trabalho a taxa de desemprego se mantém estável com 12,6 milhões de pessoas desempregadas; o número de pedidos de seguro-desemprego no acumulado do ano cresceu 7,5%. No agronegócio as exportações de carne bovina, suína e de frango tiveram mais um crescimento no mês de agosto; a China foi o principal destino destes produtos. A safra de grãos no ano aumentou 4,5% em relação à safra anterior, com destaque para a soja, algodão e arroz. O governo federal já gastou 66,7% da previsão de recursos para o combate à pandemia no ano.

 

INTERNACIONAL

1. Apesar das pressões de Donald Trump contra a atuação de empresas estadunidenses na China, uma pesquisa da Câmara Americana de Comércio em Xangai mostrou que 70,6% destas empresas não pretendem transferir a produção para fora do país; 14% estão movendo a produção para outros locais que não os EUA; e apenas 3,7% estão transferindo a produção para os EUA. Boa parte dos 200 entrevistados têm garantido crescimento das receitas e lucro no país asiático, o que inviabiliza a possibilidade de saírem do país.

2. As exportações chinesas aumentaram pelo terceiro mês consecutivo em agosto, com uma variação de 9,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Esses números sugerem uma recuperação mais rápida do país, como mostra a Asia Times Financial. As importações apresentaram uma queda de -2,1%, o que pode ser interpretado como uma recuperação mais lenta no consumo interno.

3. A produção industrial da Alemanha apresentou um crescimento de 1,2% em julho comparado ao mês anterior; porém, a produção industrial ainda está 11% abaixo dos níveis pré-crise. A produção de automóveis foi o setor que teve maior crescimento, com uma variação mensal de 6,9%.

 

CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO

4. A expectativa do PIB de 2020 é de -5,31%, segundo o Boletim Focus do Banco Central. Na semana anterior a previsão era de -5,28%, e há um mês de -5,62%. A previsão de queda da produção industrial para o ano é de -6,38%; no mês passado era de -7,87%. Para o câmbio e inflação, a previsão se mantém em R$ 5,25/US$ e 1,78% para o IPCA.

5. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) mostrou um crescimento de 2,6% no volume de serviços no mês de julho, comparado a junho. Trata-se do segundo mês de crescimento, quando variou 5,0% em junho. Comparado ao mesmo mês de 2019, a queda foi de -11,9%; no acumulado do ano a queda ainda é de -8,9% no volume de serviços. Os destaques vão para o setor serviços de informação e comunicação, com crescimento de 2,2%, e dos serviços de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, com um crescimento de 2,3%. O único resultado negativo ficou para os serviços prestados às famílias (servidões de alojamento e alimentação em especial), com queda de -3,9%.

6. A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) apresentou um crescimento de 5,2% no mês de julho se comparado a junho. Somado ao crescimento de 8,5% em junho e 13,3% em maio, as vendas do comércio restrito já superam o nível pré-pandemia. No acumulado do ano a receita nominal teve um crescimento de 1,4%, e o volume de vendas uma queda de -1,8% no varejo restrito. A baixa na receita nominal foi de -3,1%, e no volume de vendas no varejo ampliado, que inclui veículos, motos, peças e material de construção, de -6,2%. Sete das oito atividades demonstraram um crescimento: Livros, jornais, revistas e papelaria (26,1%), Tecidos, vestuário e calçados (25,2%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (11,4%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (7,1%), Combustíveis e lubrificantes (6,2%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (5,0%) e Móveis e eletrodomésticos (4,5%). A única atividade que não teve crescimento no volume de vendas foi Hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,0%).

 

CRÉDITO, DÍVIDA E JUROS

7. A segunda leva de recursos do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) praticamente se esgotaram nos bancos. Banco do Brasil, Santander e Bradesco já não possuem reservas para essa linha de crédito; os dois últimos não participaram da primeira fase. Apenas Caixa e Itaú ainda possuem recursos pelo Pronampe.

 

CONTAS PÚBLICAS

8. A reforma Administrativa apresentada pelo governo federal tem como premissa retomar o crescimento no Brasil, assim como a EC-95. No entanto, trata-se de mais uma reforma pela disputa dos recursos públicos e redução do caráter redistributivo do Estado, segundo a Nota Técnica do DIEESE sobre o tema. O estudo salienta que a disputa está em torno de quem pagará pelos custos da crise econômica e sanitária: os trabalhadores ou a elite.


INFLAÇÃO

9. A inflação no mês de agosto medida pelo IPCA/IBGE foi de 0,24%, apresentando desaceleração em relação ao mês de julho (0,36%). No ano, o índice acumula uma alta de 0,70%; em 12 meses está em 2,44%. Os maiores destaques foram a elevação dos preços na gasolina (3,22%) e no grupo de alimentação e bebidas (0,78%), o primeiro com um forte peso no índice. Os alimentos para consumo no domicílio tiveram alta de 1,15% em agosto. Os principais itens que influenciaram essa elevação foram o tomate (12,98%), óleo de soja (9,48%), leite longa vida (4,84%), frutas (3,37%) e carnes (3,33%). O arroz (3,08% em agosto) acumula alta de 19,25% no ano, e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. Por meio do Camex, o governo federal zerou o Imposto de importação para o arroz até o fim do ano, com o objetivo de controlar a pressão do produto na inflação.


MERCADO DE TRABALHO E RENDA

10. A terceira semana de agosto apresentou um total de 12,6 milhões de pessoas desempregadas. A taxa de desemprego ficou estável em 13,2%; na semana anterior estava em 13,3%, segundo a PNAD-Covid19 do IBGE. A população fora da força de trabalho foi estimada em 75 milhões. Desse total, 26,9 milhões gostariam de trabalhar. Da população ocupada, apenas 4,8% estavam afastadas por conta do distanciamento social. Na primeira semana de maio o percentual de pessoas afastadas era de 19,8%.

11. Os pedidos de seguro-desemprego no mês de agosto tiveram uma queda de 18,2% comparado ao mesmo mês de 2019. Ao todo, foram contabilizados 463.835 requerimentos. No acumulado do ano houve 4,98 milhões de pedidos de seguro-desemprego, um aumento de 7,5% em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo o Ministério da Economia.


EMPRESAS (INDÚSTRIA, COMÉRCIO, SERVIÇOS E AGRONEGÓCIO)

12. A venda de implementos rodoviários manteve o mesmo ritmo de crescimento das vendas no mês de agosto, segundo a Anfir. Foram emplacadas 11,9 mil unidades, enquanto em 2019 no mesmo mês foram 11,2 mil. No acumulado do ano as vendas apresentam uma retração de 6% comparado ao mesmo período do ano anterior.

13. A Embrapa sofreu mais um revés com o bloqueio de R$ 118,5 milhões em seu orçamento. Esse desmonte pode prejudicar pesquisas em desenvolvimento e dificultar o custeio de suas despesas básicas, como o pagamento de salários. Esse seria o quarto bloqueio sofrido pela empresa; apenas os três primeiros representaram um valor total de R$ 519,5 milhões.

14. As exportações de carne bovina apresentaram um crescimento recorde no mês de agosto. Foram exportadas 191,1 mil toneladas do produto, representando uma alta de 19% em relação ao mesmo mês do ano de 2019, além de um crescimento de 14% na receita, segundo a Abrafrigo. 62,4% das exportações foram destinadas à China; no ano passado sua participação era de 38,6%. Egito e Chile são os outros dois principais destinos da carne bovina.

15. As exportações da carne suína tiveram um crescimento de 54,5% no acumulado do ano. Só no mês de agosto o crescimento foi de 89,2%, comparado ao mesmo mês do ano passado, segundo a Abpa. A receita no mês teve crescimento de 90,7%. Das 98,5 mil toneladas exportadas em agosto de 2020, 65,7% foram para a China (somado com as importações de Hong Kong). Já as exportações da carne de frango tiveram um crescimento de 11,3% em agosto; o acumulado do ano foi de 1,8%.

16. A safra de grãos do período de 2019/2020 apresentou um crescimento de 4,5% em relação à safra passada, com um aumento da área plantada de 4,2%; a produtividade teve um ganho de 0,3%, segundo os dados da Conab. A soja cresceu 4,3% na última safra comparada a anterior, enquanto o algodão e o arroz tiveram um crescimento de 4,2% de 6,7%, respectivamente.


ESPECIAL COVID-19

17. Até o momento, o governo federal gastou R$ 192 bilhões com o Auxílio Emergencial. Ao todo, foram realizados 273,3 milhões de pagamentos, beneficiando 67,2 milhões de pessoas, segundo a Caixa.

18. No monitoramento de gastos da União com o Covid-19, o Tesouro Nacional mostrou que já foram gastos R$ 379,7 bilhões (na semana passada foi R$ 366,9 bilhões) de uma previsão de R$ 570,7 bilhões (na semana passada era de R$ 512,0 bilhões). Os maiores valores foram com o Auxílio Emergencial a Pessoas em Situação de Vulnerabilidade (R$ 212,75 bi), Auxílio Financeiro aos Estados, Municípios e DF (R$ 55,17 bi), Despesas Adicionais do Ministério da Saúde e Demais Ministérios (R$ 32,48 bilhões) e Cotas dos Fundos Garantidores de Operações e de Crédito (R$ 37,9 bilhões).