Missão
O Instituto Tricontinental de Pesquisa Social é uma instituição internacional orientada por movimentos e organizações populares do mundo, focada em ser um ponto de apoio e elo entre a produção acadêmica e os movimentos políticos e sociais para promover o pensamento crítico e estimular debates e pesquisas com uma perspectiva emancipatória a serviço das aspirações do povo.
O que fazemos
No Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, nosso trabalho é construir conhecimento a partir da experiência das transformações sociais e culturais trazidas pelas lutas populares. A principal base epistemológica para tal abordagem do conhecimento é derivada da 11ª tese sobre Feuerbach, de Karl Marx: “os filósofos até agora só interpretaram o mundo de várias maneiras; a questão é transformá-lo”. Nossa compreensão desse axioma é que aqueles que estão tentando mudar o mundo têm uma avaliação precisa de suas contradições, vulnerabilidades e possibilidades. Os movimentos e lutas pela transformação social ensinam imensas lições sobre o caráter do poder, do privilégio e da propriedade, e também sobre a possibilidade de construir um mundo diferente.
Um de nossos conceitos-chave, derivado de Antonio Gramsci, é o de “novo intelectual”, que se refere aos intelectuais orgânicos do povo trabalhador que observam as condições de sua classe, as interpretam contra as ideias dominantes e produzem uma compreensão radical do mundo. Suas visões emergem, mas podem se dissipar, a menos que estejam enraizadas em um movimento social ou político, de preferência em algum tipo de partido político. Gramsci chama esses intelectuais de novos intelectuais: aqueles que se lançam na “participação ativa na vida prática, como construtores, organizadores, ‘persuasores permanentes’”. O “persuasor permanente”, ou novo intelectual, Gramsci observa, é a pessoa que se dedica a trabalhar para aliviar as queixas do povo, elaborar a consciência popular, empurrar para fora a sufocante estreiteza do pensamento e abrir cada vez mais espaço para as lutas populares, para se sustentar e vencer. Nossa produção intelectual tem como referência o padrão Gramsci.
Duas frases capturam a essência do nosso trabalho: preencher lacunas e amplificar vozes. Lutamos para preencher as lacunas entre movimentos e instituições acadêmicas e preencher as lacunas entre os movimentos de todo o planeta. Ampliamos as vozes dos novos intelectuais que lideram esses movimentos e trabalhamos para elaborar as teorias dos movimentos. Como parte do trabalho de amplificação de vozes, buscamos resgatar nossas histórias de socialismo e libertação nacional.
Publicações
O Instituto Tricontinental de Pesquisa Social produz uma carta semanal, um dossiê mensal e alertas vermelhos esporádicos, além de diversos estudos e outras publicações periódicas.
Nosso trabalho está enraizado no princípio da esperança: acreditamos que não temos o direito de sermos pessimistas. Nosso trabalho está enraizado tanto na teoria da exploração quanto na realidade da luta de classes, na experiência do sofrimento, mas também na insistência da luta. Para tanto, nossa pesquisa está enraizada na dialética da experiência humana.
Nossos textos são produzidos coletivamente. Acompanhamos movimentos sociais e políticos para realizar nossas pesquisas e análises, e então escrevemos, editamos, traduzimos e projetamos nossos materiais em equipe. Nós nos esforçamos para produzir materiais precisos, confiáveis e acessíveis. Em nossos textos, não fazemos distinção entre forma e conteúdo; nós os construímos com uma firme crença na importância do estilo e da estética, iluminando nossas páginas com arte e design que proporcionam uma sensação de esperança inerente à luta humana. Nossa prática estética está enraizada em três conceitos:
- Que a classe trabalhadora, o campesinato e os milhões de pobres que vivem sem salário (os labampofu, como os sul-africanos colocam) existem como atores históricos.
- Que nossos leitores possam respirar de alegria ao ler nossos textos.
- Que nossos leitores terminem nossos textos com esperança tanto em relação à análise dos textos, mas também ao espectro de emoções humanas veiculadas na arte.
Nossa agenda de pesquisa
Nosso trabalho está focado em três eixos principais:
- Capitalismo contemporâne
Grande parte de nosso trabalho se dedica atentamente aos desenvolvimentos da economia capitalista contemporânea, com foco especial no crescimento improdutivo do setor financeiro, o surgimento de formas rentistas de empresas quase monopolistas, a expansão de uma classe trabalhadora precarizada e os efeitos sociais dos desequilíbrios estruturais do capitalismo. - Monstros
Nosso trabalho desenvolve uma teoria de que a miséria do capitalismo contemporâneo foi produzida tanto pelos conservadores e liberais defensores do livre mercado quanto pelos sociais-democratas. - Futuros
O futuro será moldado a partir do que fazemos agora. Essa é a palavra de ordem com a qual operamos, o que significa que devemos acompanhar as várias formas de socialismo que estão sendo desenvolvidas em nosso tempo.
À medida que nosso trabalho se desenvolveu, ficou claro que devemos iluminar e defender nossa herança. Isso inclui dois aspectos, também representados por nossa agenda editorial: registrar e analisar as histórias de libertação nacional e elaborar e promover os avanços alcançados pelo leque de teorias do marxismo de libertação nacional.
Instituto
O Instituto Tricontinental de Pesquisa Social é uma rede de institutos de pesquisa no Sul Global. Temos institutos na Argentina, Brasil, Índia e África do Sul, bem como um escritório inter-regional com membros em várias partes do mundo. O Instituto Tricontinental de Pesquisa Social faz parte de um processo internacional de criação de uma rede de dezenas de institutos de pesquisa, cujo primeiro fruto é Um plano para salvar o planeta. Também fazemos parte da União Internacional de Editores de Esquerda, composta por mais de quarenta editores de mais de vinte países para promover ideias de esquerda, produzir livros coletivamente e celebrar o Dia Anual do Livro Vermelho.
Somos uma organização parceira da Assembleia Internacional dos Povos, uma rede crescente de mais de 200 organizações políticas e sociais de todo o mundo.
A inspiração por trás do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social
O nome do nosso instituto se baseia em duas fontes: a Conferência Tricontinental realizada em Cuba em janeiro de 1966 e o Instituto de Pesquisas Sociais criado em Frankfurt em 1923.
A Conferência Tricontinental reuniu uma série de movimentos revolucionários de toda a África, Ásia e América Latina. Trouxeram consigo a orientação da libertação nacional, do não-alinhamento e do socialismo. É essa tradição – o marxismo de libertação nacional – que ancora o trabalho do nosso instituto.
O Instituto de Pesquisa Social, também conhecido como Escola de Frankfurt, se desenvolveu durante a República de Weimar na Alemanha para entender o fracasso da classe trabalhadora europeia em tirar vantagem da situação revolucionária no continente na época. Os estudiosos do instituto estudaram a crise do capitalismo, as limitações da luta e da ideologia da classe trabalhadora e a ascensão do fascismo.
Procuramos promover esses legados.